A Doutrina Espírita diante da violência atual
Postado: 1 maio 2018 10:21h
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Personagem principal nos noticiários, a violência é um dos temas mais debatidos no mundo atual. Quando pensamos no tema, somos automaticamente levados a associá-lo às guerras, aos atos terroristas, ao aumento da criminalidade e à falta de segurança. Contudo, a violência não se resume a atrocidades cometidas pelo outro. Se examinarmos atentamente nossas atividades cotidianas, a encontraremos em discursos políticos que agradam a muitos, na negligência com a natureza, nas nossas horas sagradas de lazer  quantos deixaram de ir a estádios de futebol, por causa da violência? – e, principalmente, nos menores gestos, como a forma de falar, a impaciência ao lidar com situações desgastantes e a intolerância com quem pensa diferente.

Diante de problema tão grave, como proceder? Será que basta defender uma política de segurança que nos permita uma melhor qualidade de vida e postar nas redes sociais que somos a favor da paz no mundo? Ou é necessário um trabalho de arqueólogo e escavar nas profundezas da nossa alma, as origens desse mal?    A Doutrina Espírita esclarece que a Terra ainda apresenta características de planeta de provas e expiações, por aqui habitam espíritos que progrediram a nível intelectual, mas que ainda necessitam progredir moralmente. Os gérmens da violência encontram-se na própria criatura que, sem orientação, ajuda e autoconhecimento, continuará sendo governada por instintos, remanescentes de épocas primitivas.

Em entrevista, o médium Raul Teixeira afirma: “Num mundo em que só encontramos propostas materialistas para resolver problemas espirituais demoraremos muito a chegar a um denominador comum, porque os problemas que acontecem na alma não podem ser resolvidos com providências que só atendem ao mundo de fora.”

Aquele que faz uso da violência em qualquer nível ou sentido está doente da alma. E a forma mais eficaz de tratá-lo é por meio da Educação. Não se trata da educação formal ou acadêmica apenas. Ouçamos as palavras do Mestre: “Bem-aventurados os humildes, os mansos, os pacíficos, os puros de espírito”. Enquanto os judeus esperavam um messias guerreiro, o Cristo trouxe palavras de paz e perdão.

Não defendia passividade, nem neutralidade, em relação à dominação romana, mas uma resistência corajosa, em que a violência era combatida primeiro dentro de cada coração. Não se pode vencer o outro naquilo que ainda grita forte dentro de nós. Séculos depois, sua mensagem foi compreendida pelo líder pacifista Mahatma Gandhi, que declarou: “ pela minha causa, prefiro morrer a matar.”

Se reagirmos à violência com violência, entramos na mesma sintonia do agressor. É importante seguir a recomendação do Espírito da Verdade, que nos diz: “Amai-vos e instruí-vos”, para nos libertarmos da ilusão de que os problemas estão apenas nos outros, a fim de que consigamos enxergar e assumir nossas responsabilidades. Uma vez conscientes, torna-se mais fácil nos revestirmos de bondade e brandura para enfrentar os desafios cada vez mais perturbadores da nossa época.

Somente quando transformarmos o homem velho no   novo, teremos uma sociedade mais justa.

Isabella Martins

 

Há dezoito séculos, por ordem de meu pai, vim trazer a palavra de Deus aos homens de boa vontade.[…] Há muitas moradas na casa de meu pai”, disse-lhes Eu há dezoito séculos. O Espiritismo veio tornar compreensíveis estas palavras.

— Espírito de Verdade, Espírito de Verdade, Revista Espírita, Dez/1864/ “A propósito da Imitação do Evangelho”