A boa nova
Postado: 19 maio 2017 14:02h
Autor: Luiz Fernando Lopes
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O significado de Boa Nova é notícia rica, notícia feliz, notícia alegre, novidade fortunosa que Jesus legou à humanidade por meio de seus ensinamentos para libertar os homens das aflições e padecimentos físicos e morais. A mensagem de Jesus, apesar de sua origem divina, sempre deve ser levada em conta no contexto histórico, social, cultural, econômico e religioso em que viviam os judeus. É fundamental destacar que Jesus era judeu e fiel seguidor dos preceitos divinos emanados da religião judaica. Não fundou nenhuma religião, e muito menos, foi cristão.

Os ensinos de Jesus foram escritos 40 anos após a crucificação e são conhecidos como evangelhos, palavra que deriva do grego euangelion (eu, bom, -angelion, mensagem), cujo  significado é “boa mensagem”, “boa notícia” ou “boas-novas”. Os evangelhos narram a vida de Jesus, seus ensinos, e nos apresentam um Deus Pai e misericordioso, uma revelação inédita, além de preservarem, em parte, sua estada entre nós. Os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João constam do Novo Testamento e são aceitos pela maioria dos cristãos, mas existem outros, conhecidos como apócrifos, que foram escritos posteriormente e trazem informações importantes do Cristianismo primitivo, que hoje a Doutrina ditada pelos Espíritos Superiores tenta resgatar.

Na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, livro da Codificação mais lido pelos espíritas, Kardec divide os temas dos Evangelhos em cinco partes: os atos comuns da vida de Jesus; os milagres; as predições; as palavras tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas e o ensino moral. Este, desenvolvido com rara maestria, é o objeto exclusivo da obra citada.

Discutir Jesus em todos os ângulos que a Doutrina Espiritista possibilite é a intenção primeira de todo estudo espírita,  pois entendemos que a chave para tornar o Evangelho mais claro, menos abstrato, penetrável à razão humana; para tirar o cunho de sobrenatural, desvendar, dizer o que o Cristo não pôde dizer em função das nossas deficiências intelecto-morais, conforme asseverou no colóquio com Nicodemos, é o Espiritismo em seu papel de Cristianismo revivido.

Para conhecer a verdade e sermos libertos da ignorância secular em que teimamos em permanecer, temos que buscar nas entrelinhas dos Evangelhos os ensinos morais disseminados na vida de Jesus desde o nascimento, passando pela infância e terminando na sua missão divina entre os homens; levantaremos o véu para decifrar os milagres tidos como derrogação das leis divinas e demonstar que Deus não é parcial e sua solicitude se estende a todas as criaturas do Universo; temos que trazer para os dias atuais as predições sem o assombro do sobrenatural, mostar as razões do dogma da vida futura com o zênite dos ensinos do Cristo e não um mistério.

É preciso ter sempre em mente que as boas novas transmitidas pelos evangelistas são lições de vida e sua leitura deve ser sempre no sentido de buscar o ensino, a verdade espiritual. Os personagens nomeados com destaque, apenas nominais ou anônimos somos nós em outra roupagem e outro contexto. A mensagem de Jesus, em todos os tempos, é para a humanidade, porém  deve ser recebida individualmente. Os ensinamentos e atos de Jesus constituem lições espontâneas para todas as questões da vida. Sua palavra doce, suave, mansa, branda emana indulgência com as nossas imperfeições.

Que o divino mestre possa envolver em suas vibrações de paz e amor a todos os irmãos do caminho.

 

O Espiritismo é, antes de tudo, uma CIÊNCIA e não se ocupa de questões dogmáticas. Esta ciência tem consequências morais, como todas as ciências filosóficas. (…) Seu verdadeiro CARÁTER é, portanto, o de uma CIÊNCIA e NÃO o de uma RELIGIÃO

— Allan Kardec, Livro: O QUE É O ESPIRITISMO – Terceiro Diálogo