Guerra, poder e paz
Postado: 11 janeiro 2017 19:44h
Autor: Vicente dos Santos Oliveira – SEJ (dez/2007)
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“Não posso imaginar um Deus a recompensar e a castigar o objeto de sua criação”Einstein

“Por que se amotinam as nações, e os povos tramam em vão? Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará deles. Então lhes falará na sua ira, e no seu furor os confundirá, dizendo: Eu tenho estabelecido o meu Rei sobre Sião, meu santo monte. Tu os quebrarás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro. Servi ao Senhor com temor, e regozijai-vos com tremor.”Salmos II, vs 1,4,5-6,9 e 11

Procura-se, à luz da razão, compreender o clamor do salmista quando indaga um tanto pesaroso: por que se amotinam as nações, e os povos tramam em vão?

Verificando-se os registros históricos da humanidade, observa-se a recrudescência das guerras, revoluções e demais manifestações de violência, como forma de imposição das ideias pelo uso da força. No texto do salmista nota-se, à primeira vista, a exaltação dos sentimentos, denotando o exercício do poder pela força, conjuntamente com a ira, o temor e a zombaria, expressões que, hoje, a razão não nos permite afiançar que venha do Senhor do Universo, o Supremo Pai Criador, e sim, são flagrantes exteriorizações do egoísmo e do orgulho, ainda fortemente sedimentados nos homens.

Para justificar a impossibilidade de essas manifestações de caráter humano provirem de Deus, basta relacionar os Seus transcendentes atributos, a saber: eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente bom e justo. Este último já bastaria para derrubar o caráter antropomórfico, que insistentemente busca-se emprestar-Lhe, pois o homem não alcançando, por esforço próprio, o conhecimento e a prática das Leis Naturais ou Divinas, intenta assim humanizar Deus, para deste modo justificar os atos que ainda o mantêm atrelado ao estado do instinto ou da barbárie.
De O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, duas questões podem sintetizar a razão que conduz o homem à guerra (estado de barbárie), essência destas breves linhas:

742. Que é que impele o homem à guerra?
“Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os povos um só direito conhecem – o do mais forte. Por isso é que, para tais povos, o de guerra é um estado normal. À medida que o homem progride, menos frequente se torna a guerra, porque ele lhe evita as causas, fazendo a com humanidade, quando a sente necessária.”

743. Da face da Terra, algum dia, a guerra desaparecerá?
“Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Nessa época, todos os povos serão irmãos.”

Ainda nos fatos da História, recorre-se ao registro dos períodos em que a humanidade usufruiu de momentos de desenvolvimento e paz, demonstrando a sua real possibilidade e conveniência. No primeiro, ocorrido durante o governo de Péricles, em Atenas (461-431a.C.), e em Roma realizado por Augusto (43 a.C.-14 d.C.), ambos se notabilizaram praticamente pela ausência de guerras, pelo desenvolvimento intelectual e artístico, que deslumbraram os corações e deixaram rastros de perfumes, que impregnariam o pensamento para os tempos do porvir.

Marcaram a história das civilizações transatas, a tal ponto que seus nomes designaram os respectivos séculos, como sendo o de Péricles e Augusto, este último contemplado pela presença do Mestre Jesus.

Que possa a civilização moderna, rica das conquistas no campo tecnológico e intelectual, voltar-se para o exercício das virtudes nobres, para que o século de realizações se eternize na Terra, berço dos Espíritos que avançam para a felicidade e a plenitude da paz.

Há sensações que tem sua fonte no próprio estado de nossos órgãos. Ora, as necessidades inerentes ao nosso corpo não podem ocorrer, desde que o corpo não existe mais. O Espírito, portanto, não experimenta fadiga nem necessidade de repouso ou nutrição, porque não tem nenhuma perda a reparar, como não é acometido por nenhuma de nossas enfermidades.

— Allan Kardec, Revista Espírita, Abril/1859/ “Quadro da vida espírita” – L.E itens 253 à 257