A cura à luz da Doutrina Espírita
Postado: 2 março 2019 11:21h
Autor: Gabriel Silva
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Ao longo da vida somos acometidos por enfermidades de maior ou menor gravidade, afinal, a Terra ainda é um mundo de provas e expiações e todos estamos sujeitos a essas vicissitudes. Muitos de nós ainda vemos as doenças como uma forma de punição ou castigo divinos e não aceitamos essas situações com a devida resignação. Quando uma doença mais grave nos atinge, e a ciência humana falha, é comum  recorrermos ao Espiritismo ou a médiuns de cura, como último recurso para a solução dos problemas.

Quando em vida, o mestre Jesus curou diversos enfermos durante o trabalho de divulgação do Evangelho. Ao longo dos séculos diversos fenômenos de cura estão documentados na história da humanidade. Mas como explicar esses fenômenos à luz da Doutrina Espírita?
Nós também podemos ser curados? Que condições devem ser obedecidas para que isso aconteça? Allan Kardec estudou muito bem os fenômenos de cura, particularmente na obra “O Livro dos Médiuns”, e nos dá orientação segura sobre a lógica e a ciência envolvendo o processo de cura.

Primeiramente, Kardec destaca que a faculdade de cura pelo olhar, por contato ou imposição das mãos é uma característica inerente a certos tipos de pessoas que, em grau mais ou menos elevado, e sem o concurso de medicamentos, curam apenas pelo uso da vontade. Atuam sobre a matéria elementar e essa reage sobre seus compostos, cujas propriedades íntimas são então transformadas.

Assim, esse fenômeno pode acontecer SEM o concurso de uma entidade espiritual e INDEPENDENTEMENTE das qualidades morais do médium. A intervenção de uma entidade espiritual, que é o que constitui propriamente a mediunidade, pode ocorrer em certas circunstâncias, principalmente quando se recorre à PRECE, que é uma verdadeira evocação e, adicionalmente, quando realizada em uma Casa Espírita.

Esclarecem os espíritos que é possível que um doente seja curado unicamente pela prece, mas “desde que Deus o permita; pode dar-se, no entanto, que o bem do doente esteja em sofrer por mais tempo e então julgais que a vossa prece não foi ouvida.” Ou seja, o sofrimento advindo da enfermidade é importante para a correção de desvios no caráter e personalidade dos doentes, é remédio amargo cuja interrupção comprometeria a melhoria do principal  “órgão” do ser humano: a alma.

Indagados por Kardec sobre a eficiência de certas fórmulas de prece, mais eficazes que outras, os espíritos respondem que “somente a superstição pode emprestar virtudes quaisquer a certas palavras e somente Espíritos ignorantes, ou mentirosos, podem alimentar semelhantes ideias, prescrevendo fórmulas. Pode, entretanto, acontecer que, em se tratando de pessoas pouco esclarecidas e incapazes de compreender as coisas puramente espirituais, o uso de determinada fórmula contribua para lhes infundir confiança. Neste caso, não é na fórmula que está a eficácia, mas na fé, que aumenta por efeito da ideia ligada ao uso da fórmula.”

Ou seja, para obter a cura são necessários a prece, a fé e o merecimento, sem os quais ela poderá não ser obtida, restando-nos então a paciência e a resignação. De outra forma, poderemos ser vítimas da revolta e da amargura improdutivas que em nada contribuirão para o nosso bem-estar ou crescimento espiritual. É sempre importante lembrar que nenhuma provação é eterna e que, cessada a causa, terminarão o sofrimento e a dor dela resultantes.

Muita paz.

Gabriel Silva

 

Os males deste mundo estão em razão direta das necessidades fictícias que criais para vós mesmos.

— Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Questão 926